domingo, 18 de março de 2007

Em direção ao acaso

Onde há ponte para chegar ao não-dito?
Será que há um depósito sem fundo na tua alma?
Por onde eu passei, que você não viu?
Que segredos não te contei sobre a minha falsa realidade?
Terá eu medo do agora?
Mas o que disse teria sido dito por qualquer alguém de bem
Frases da anti-solidão foram escritas
Horas em dedicação aos seus versos
Passos em direção ao acaso foi dado

Por que não percebeste?
Eu não fui feita para altar
Não pertenço ao mundo dos seres de alma pequena
Sou aquela ali, longe de olhar, perto do mar, feita para amar
Tão óbvia nas escolhas e tão secreta nas intenções
Que estou presa ao meu destino
Nem que eu queira, posso seguir em direção oposta
O vento pesa nas minhas costas
Meu olhar quer ver adiante
E seu silêncio me faz recolher

Que mão esconde o teu olhar?
Eu sempre estive aqui
Haviam flores no passado
Eu bem sei
Mas isso já era
Agora estou dizendo
Não calo a voz que me resta
Vejo você logo ali
Respirando o calor do dia
Preso a uma roupa séria
Em um tempo diferente dos outros

Eu sei que a dor do mundo deixou um coração doente
E a cura está tão longe do Homem
Porém existe o acaso
O desconhecido momento secreto de Deus
A força que transcende a sua vontade
Não tenhas medo!
A ponte só faz você caminhar sobre as águas
E cruzar enfim o meu caminho.

2 comentários:

Unknown disse...

Belo da essência à forma, como tudo o que você toca.

Te amo!

Unknown disse...

você deveria escrever um livro!